Exposição Urbana de Estruturas Vulcânicas Raras
O sítio geológico “Pillow Lavas” de Pirapora do Bom Jesus destaca-se pela exposição em área urbana de evidências raras de atividade vulcânica subaquática relativamente bem preservadas. Apesar da ação do intemperismo sobre o corte realizado para abertura da rua, essas estruturas globulares, com diâmetros em torno de um metro, ainda podem ser observadas.
Formação das Estruturas Almofadadas
As lavas almofadas, ou “pillow lavas”, formaram-se pelo rápido resfriamento das bordas das lavas que saíam de aberturas no fundo da bacia sedimentar. O material no interior dos lobos permanecia pastoso e, ao ser empurrado, rompia a crosta previamente endurecida, formando novos glóbulos sucessivos. Esse processo resultou no aspecto almofadado característico dessas estruturas.
Hipóteses Sobre a Formação
Estudos do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (IGc-USP) apontam duas principais hipóteses sobre a formação dessas rochas. A professora Magda Bergman, em sua dissertação de mestrado, sugere que as rochas basálticas formaram um edifício vulcânico, ao redor do qual surgiram estruturas recifais semelhantes aos atuais atóis. Essas estruturas seriam preservadas nos afloramentos de calcário explorados na região.
Uma hipótese mais recente, publicada na revista Episodes em 2001, propõe que essa atividade vulcânica representa um fundo oceânico antigo, formado no final do Mesoproterozoico ou início do Neoproterozoico. Essas rochas seriam representativas de um ofiolito, posicionadas sobre rochas metamórficas de baixo grau e calcários devido à ação de cisalhamento tectônico.
Contexto Histórico e Cultural da Região
Pirapora do Bom Jesus, localizada às margens do rio Tietê, foi uma antiga rota dos Bandeirantes, que seguiam a pé até Porto Feliz. A partir desse ponto, os Bandeirantes navegavam rumo ao interior do Brasil, onde descobriram ouro na região atualmente conhecida como Cuiabá.
Em 1725, a descoberta de uma imagem de Jesus nas corredeiras do rio Tietê trouxe grande número de visitantes ao vilarejo, considerado milagroso. Esse fluxo de romeiros, acompanhado por seus escravos, deu origem aos batuques que marcaram o início do samba paulista, um estilo estudado por Mário de Andrade nos anos 1930, conhecido como “Samba Rural Paulista”.
Potencial para Geoturismo
Ao longo dos anos, a praça geológica “Pillow Lavas” em Pirapora do Bom Jesus têm sido deixadas de lado, com pouca atenção por parte da Prefeitura Municipal, que demonstra falta de interesse em promover o Geoturismo na região. Apesar disso, a proposta de criar uma praça pública no local, preservando as formações geológicas, poderia revigorar essa área abandonada e potencialmente atrair visitantes interessados nesse aspecto único da geologia local.
Conservação e Preservação
O afloramento das Lavas Almofadas (Pillow Lavas) está em uma área urbanizada onde a Prefeitura pretende criar uma praça pública, necessitando de rápida intervenção para diminuir a atividade intempérica e preservar a rocha. A área não possui nenhuma forma de proteção atualmente, mas esforços estão sendo feitos para sensibilizar autoridades locais sobre a importância da preservação.
Iniciativa SIGEP
A Comissão multi-institucional SIGEP visa o inventário de sítios geológicos e paleobiológicos do Brasil que, por suas características especiais, merecem ser preservados. Publicações científicas e medidas de proteção são indicadas para preservar esses sítios de forma sustentável como Patrimônio Natural para fins científicos, didáticos, culturais e eco-geoturísticos.
A preservação das “Pillow Lavas” de Pirapora do Bom Jesus não apenas valoriza o patrimônio geológico local, mas também enriquece o potencial turístico e educacional da região.
Fonte: SIGEP – COMISSÃO BRASILEIRA DE SÍTIOS GEOLÓGICOS E PALEOBIOLÓGICOS
